A ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, mostra que os dirigentes seguem cautelosos quanto ao início do ciclo de corte de juros.
O documento divulgado na tarde desta terça-feira (30) reforçou a preocupação com a persistência da inflação e mostrou que qualquer flexibilização da política monetária dependerá de novos dados econômicos.
O colegiado avaliou que, embora haja sinais de desaceleração da atividade, ainda não há evidências suficientes de que a inflação esteja convergindo de forma sustentável para a meta de 2%, fator que gerou a decisão dividida na reunião.
Segundo a ata, a maioria dos dirigentes considera que os riscos inflacionários permanecem elevados. O Fed observou que a inflação de serviços segue pressionada, em parte pelo mercado de trabalho ainda apertado.
A autoridade monetária ressaltou que a política monetária precisa permanecer restritiva por tempo suficiente para garantir que as pressões inflacionárias sejam controladas. Os membros que defendem a manutenção se mostraram preocupados com o fato da inflação ter estagnado.
O documento aponta que o mercado de trabalho dos Estados Unidos segue resiliente, com taxa de desemprego baixa e crescimento salarial acima do nível considerado compatível com a meta de inflação.
Para os dirigentes, essa dinâmica pode dificultar a desaceleração dos preços, especialmente no setor de serviços, o que reduz a margem para cortes de juros no curto prazo.
A ata mostra que houve divergência entre os membros do Fomc. Parte dos dirigentes avalia que, caso a economia desacelere de forma mais clara, poderá haver espaço para reduzir os juros ao longo de 2025.
Outros integrantes defendem uma postura mais paciente, alertando que cortes prematuros poderiam comprometer o processo de desinflação. Desinflação é o movimento de desaceleração do ritmo de alta dos preços, e não a queda dos preços em si.
A sinalização dos 19 membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) aponta para dois cortes nos próximos anos (um em 2026 e outro em 2027), levando a taxa de juros para perto de 3% — nível considerado neutro pelo colegiado.
O Fed também discutiu o papel das condições financeiras, como crédito, mercado acionário e dólar. Segundo a ata, um afrouxamento excessivo dessas condições poderia dificultar o controle da inflação.
Além disso, os dirigentes citaram incertezas externas, como tensões geopolíticas e o ritmo da economia global, que podem afetar tanto a inflação quanto o crescimento dos Estados Unidos.
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