O mercado financeiro começou a semana sob tensão nos Estados Unidos, com um forte movimento de venda das ações de tecnologia. Investidores passaram a revisar expectativas de ganhos futuros ligados à inteligência artificial, diante de preocupações com valuations elevados e retorno dos investimentos.
Esse movimento se espalhou para outras bolsas globais e atingiu com mais força o mercado brasileiro. No Brasil, o ambiente já era mais cauteloso desde o anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência, fator que ampliou a aversão ao risco e pressionou ativos locais.
Nesta sexta-feira (19), o Monitor do Mercado traz mais uma edição do quadro “A Semana em 5 Minutos”, resumo semanal direto e sem enrolação assinado por Gil Carneiro. Clique aqui para começar a receber.
“Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave” — Carlos Drummond de Andrade.
O Senado aprovou um corte linear nos benefícios tributários, além do aumento da tributação sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP), apostas esportivas e fintechs. A medida faz parte do esforço do governo para viabilizar o cumprimento do Orçamento de 2026.
No campo político, Fernando Haddad deve deixar o Ministério da Fazenda no primeiro trimestre de 2026 para disputar, provavelmente, uma vaga no Senado por São Paulo. A saída pode gerar mudanças na condução da política econômica, dependendo de seu sucessor.
O Senado também aprovou um projeto de lei que reduz penas de Jair Bolsonaro e de outros condenados por tentativa de golpe. O avanço da proposta pode influenciar o cenário eleitoral de 2026 e desestimular a manutenção da candidatura de Flávio Bolsonaro.
Pesquisas indicam que 62% dos eleitores afirmam que não votariam em Flávio Bolsonaro em nenhuma hipótese, índice de rejeição superior ao do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse dado é acompanhado de perto por investidores, que avaliam os possíveis impactos do cenário político sobre a agenda econômica.
Segundo análises de mercado, Flávio Bolsonaro herdaria votos do eleitorado bolsonarista, o que poderia levá-lo ao segundo turno, mas sua rejeição elevada é vista como um obstáculo em uma eventual disputa final. O entendimento é que eleições tendem a ser decididas por eleitores moderados, ainda sem um nome claramente definido.
Nesse contexto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é citado como um possível candidato competitivo, associado a uma agenda de reformas e compromisso fiscal. O debate sobre a disposição do próximo governo em conter o crescimento das despesas públicas segue no centro das atenções do mercado.
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) manteve um tom duro, em linha com o comunicado anterior. O documento, no entanto, reconheceu sinais de desaceleração da atividade econômica. Esse movimento reforça a possibilidade de um corte de juros já em janeiro, embora a maioria do mercado ainda projete o início do ciclo somente em março.
Historicamente, o Banco Central (BC) costuma sinalizar mudanças na política monetária antes de iniciar cortes de juros, reduzindo incertezas na curva de juros futuros. No momento, esse movimento não é observado. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou recentemente que a instituição não precisa antecipar suas decisões ao mercado.
Outro dado relevante foi o IBC-Br, indicador de atividade econômica calculado pelo BC e considerado uma prévia do PIB. O índice registrou queda de 0,25% em outubro, contrariando a expectativa de alta de 0,10%.
Nos Estados Unidos, o payroll, principal indicador do mercado de trabalho, foi divulgado com atraso devido ao shutdown do governo. O relatório mostrou a criação de 64 mil vagas em novembro, acima da expectativa de 50 mil.
O resultado representa uma reversão em relação ao dado anterior, que havia apontado a eliminação de 105 mil postos de trabalho. Ainda assim, a taxa de desemprego subiu de 4,4% para 4,6%.
A taxa de participação, que mede a parcela da população economicamente ativa, avançou 10 pontos-base, para 62,5%. Apesar da alta do desemprego, o conjunto dos dados indica um mercado de trabalho menos frágil do que o esperado.
No campo da inflação, a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) de novembro alterou o humor dos investidores. O CPI cheio desacelerou para 2,7% em 12 meses, enquanto o núcleo, que exclui alimentos e energia, ficou em 2,6%.
O mercado esperava inflação em torno de 3%. A surpresa reforçou as apostas de que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, terá espaço para aprofundar o ciclo de cortes de juros em 2026.
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