Por que o padel está atraindo fundos soberanos – e uma gestora brasileira

O padel é um esporte ainda pouco conhecido no Brasil — mas no resto do mundo, está bombando.

Só este ano foram abertos mais de 4,4 mil novos clubes para a prática de padel, atingindo a marca de 24 mil academias, que juntas têm 77 mil quadras.

Em termos de praticantes, já são 35 milhões de pessoas jogando o esporte de raquete pelo menos uma vez por semana. 

Foi de olho nesses números que a LinkinFirm, a gestora do ex-jogador profissional de tênis e empresário de grandes tenistas Márcio Torres, decidiu investir na Hexagon Cup — a empresa que em pouco tempo se tornou dona do principal torneio de padel em equipes do mundo. 

A LinkinFirm entrou na Hexagon assim que ela foi fundada, em 2023, e agora está dobrando a aposta.

A gestora está co-liderando uma nova captação junto com o braço de venture capital do fundo soberano da Arábia Saudita, o PIF. 

A rodada também contou com a participação do QSI, o braço de investimentos em esportes do fundo soberano do Qatar; e duas outras gestoras brasileiras: a Outfield e a Spectra Investimentos. 

A capitalização, de cerca de US$ 10 milhões, se soma a outros US$ 5 milhões que a Hexagon Cup já havia levantado. 

Após a rodada, a LinkinFirm vai se tornar a maior acionista individual da Hexagon Cup, junto com o PIF. Cada um terá cerca de 12% do capital, além de um assento no conselho. 

Para quem não conhece, o padel é um esporte de raquete que mistura elementos do tênis e do squash. Ele é jogado em duplas, numa quadra menor que a de tênis e cercada por paredes de vidro, que podem ser usadas durante o jogo.

Assim como o tênis, o padel tem um circuito mundial, o ‘Premier Tour’. São mais de 30 torneios por ano – cada um com um organizador próprio que paga uma taxa de licença para fazer parte do circuito. O dono do Premier Tour é o QSI, que agora se tornou sócio da Hexagon.

A Hexagon Cup começou como um torneio em equipes, que acontece uma vez por ano em Madrid e não faz parte do circuito oficial. 

“No primeiro ano todo mundo tentou boicotar a gente, mas fomos crescendo muito rápido e viram que chegamos para ficar,” Torres, da LinkinFirm, disse ao Brazil Journal. “Está rodada é muito importante porque vai permitir que a Hexagon se torne uma competição oficial do calendário global de padel.”

O investimento do QSI torna a Hexagon Cup um torneio oficial do ‘Premier Tour’, passando a dar pontos no ranking para os atletas e contando com o apoio da liga mundial. 

Com a rodada, a Hexagon Cup também vai passar a organizar quatro torneios ao longo do ano — em vez de apenas um, como acontece hoje. 

Um desses torneios adicionais vai acontecer na Arábia Saudita. Os outros dois ainda estão em definição, mas devem ocorrer em outro país da Europa e provavelmente nos Estados Unidos. No médio prazo, o plano é chegar a oito torneios anuais. 

O formato da Hexagon Cup é parecido com o da Fórmula 1: são 8 equipes, que pertencem a investidores, com 4 jogadores em cada (uma dupla masculina e uma dupla feminina). 

No torneio, essas equipes são divididas em dois grupos, onde todas as equipes se enfrentam uma vez. Os dois melhores de cada grupo avançam para a semifinal, no formato de mata-mata.

Por trás das equipes estão celebridades do mundo do esporte, como Rafael Nadal e Andy Murray, duas lendas do tênis; além de jogadores de futebol como Lionel Messi e Robert Lewandowski. Os proprietários pagam um valor para comprar as equipes e arcam com todas as despesas dos jogadores. A receita vem das premiações dos torneios e patrocínios. 

Este ano, a Hexagon Cup — que aconteceu em janeiro em Madrid, a capital mundial do padel — atraiu um público de 32 mil pessoas ao longo dos cinco dias do evento. A receita foi de cerca de US$ 6 milhões, a maior parte disso vindo de patrocínios e uma parcela menor da bilheteria e venda de alimentos e bebidas. 

Para o ano que vem, a expectativa de Torres é pelo menos triplicar a receita com a criação dos novos eventos, além da negociação dos direitos de transmissão.

“Na edição deste ano preferimos não fechar contratos de transmissão porque esses contratos em geral são de três anos, e como sabíamos que íamos crescer o torneio globalmente achamos que não era o momento,” disse o gestor. “Mas agora estamos nas negociações finais para fechar um contrato de exclusividade de transmissão, que já deve estar em vigor em janeiro de 2026, quando o próximo torneio acontece.”

A Hexagon Cup foi fundada pelo espanhol Enrique Buenaventura, que foi por 13 anos o chief business affairs da Fórmula E, a corrida de carros elétricos adquirida em meados do ano passado pela Liberty Media, a dona da Fórmula 1. Buenaventura ainda é sócio e CEO da Hexagon Cup. 

Esse é o décimo oitavo investimento da LinkinFirm, que é especializada em esportes e entretenimento e já alocou cerca de US$ 15 milhões por meio de club deals.

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